terça-feira, 5 de novembro de 2013

Carne vermelha e processada aumenta risco de cancro colorretal

Um estudo conduzido por investigadores norte-americanos concluiu que o consumo de carne vermelha e processada aumenta o risco de cancro colorretal em pessoas com uma variante genética comum.
Denominada rs4143094, esta variante genética afeta uma em cada três pessoas, conduzindo ao aumento significativo o risco daquela doença oncológica com o consumo de carne vermelha e processada. Esta conclusão foi retirada de um estudo que contou com a participação de um grupo de 9.287 pacientes com cancro colorretal e de um grupo de controlo com 9.117 pessoas saudáveis.
Os investigadores analisaram 2,7 milhões de sequências genéticas para determinar se havia uma ligação entre o consumo da carne vermelha e processada e o cancro colorretal.
Segundo os investigadores, esta variante genética está localizada na mesma região do cromossoma 10 que possui um gene para o fator de transcrição denominado GATA3, o qual já foi várias vezes associado a muitas formas de cancro. A equipa afirma que o fator de transcrição codificado por este gene normalmente desempenha um papel no sistema imunitário.
A equipa explica que quando o organismo digere carne vermelha ou processada, poderá desencadear uma resposta imunológica ou inflamatória. Se a região do gene GATA3 consistir numa variante genética, poderá codificar um fator de transcrição desregulador, tornando difícil superar a resposta.
No entanto, quem não tem esta variante genética deve também evitar o consumo de enormes quantidades de carne vermelha ou processada, já que existem riscos para a saúde com o consumo de carne vermelha. Estudos anteriores demonstraram que este tipo de carne aumenta o risco da ocorrência da doença de Alzheimer e da diabetes de tipo 2.
Jane Figuerido, da docente assistente de medicina preventiva da Keck School of Medicine na Universidade de Southern California, EUA, considera que esta descoberta é importante porque poderá conduzir a melhores estratégias preventivas do cancro colorretal.
“O cancro colorretal é uma doença fortemente influenciada por certos tipos de dieta, Estamos a demonstrar os princípios subjacentes a essas correlações, e percebemos se variações genéticas tornam algumas pessoas mais ou menos suscetíveis a certos carcinogéneos na alimentação, que poderão ter implicações futuras importantes na prevenção e na saúde da população”.
2013-10-30
Estudo apresentado no encontro da American Society of Human Genetics 2013

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Leite materno poderá proteger bebés contra VIH

O leite materno contém uma proteína que neutraliza o VIH e que poderá proteger os bebés de adquirirem este vírus das mães infetadas, dá conta um estudo publicado nos “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
“Apesar de os fármacos antirretrovirais serem capazes de impedir a transmissão entre mãe e filho, nem todas as mães são submetidas a um teste do VIH, e menos de 60% são tratadas com fármacos preventivos, particularmente nos países que têm poucos recursos. Desta forma há a necessidade de encontrar estratégias alternativas para impedir a transmissão mãe filho”, revelou, em comunicado de imprensa, a líder do estudo, Sallie Permar.

A UNICEF estima que em 2011, 330.000 crianças adquiriram VIH durante a gravidez das mães ou através da amamentação. Uma vez que as organizações internacionais têm como objetivo eliminar a disseminação das infeções entre mãe e filho, os investigadores estão a trabalhar para desenvolver alternativas eficazes à terapia antirretroviral que possa ser utilizada nas crianças.

Neste estudo os investigadores da Universidade de Duke, nos EUA, focaram-se no leite materno, pois há muito que se sabia que tinha propriedades capazes de inibir a transmissão mãe-filho. Estudos anteriores já tinham identificado que o leite materno tinha algumas propriedades antivirais, mas estas ainda permaneciam por explicar. 

Os investigadores analisaram amostras de leite materno de mulheres não infetadas tendo confirmado que a atividade de neutralização de um painel de estirpes de VIH estava concentrada numa proteína de peso molecular elevado. Após terem utilizado um método capaz de separar as proteínas, os investigadores verificaram que a atividade de neutralização do VIH se concentrava numa única proteína, a TNC.

A TNC é uma proteína que está envolvida no processo de cicatrização das feridas, desempenhando um papel importante na reparação dos tecidos. Esta proteína tem também um papel importante no desenvolvimento fetal, mas as suas propriedades antivirais nunca tinham sido descritas”, referiu um coautor do estudo, Harold Erickson.

Através de uma análise mais detalhada, os investigadores verificaram que de facto a proteína consegue capturar, de uma forma eficaz, as partículas virais e neutralizar o vírus, através da sua ligação a uma parte da estrutura do vírus conhecida como envelope. Estas propriedades proporcionam uma proteção generalizada contra a infeção.  

Na opinião dos investigadores, com base nestes resultados poderia ser desenvolvida uma terapia contra o VIH, que seria administrada às crianças antes da amamentação.
2013-10-24
Estudo publicado nos “Proceedings of the National Academy of Sciences”

Níveis de glucose elevados associados a perda de memória

Os indivíduos com pressão arterial elevada, mesmo aqueles sem diabetes, apresentam um maior risco de desenvolver problemas cognitivos, sugere um estudo publicado na revista “Neurology”.
Estudos anteriores tinham demonstrado que os indivíduos com diabetes tipo 2 tinham um risco aumentado de desenvolver demência. De acordo com os investigadores da Mayo Clinic, nos EUA, a diabetes é considerada um fator de risco de demência vascular, uma vez que pode causar danos nos vasos sanguíneos. Esta forma de demência é muitas vezes causada pela redução ou bloqueio do fluxo sanguíneo, no cérebro.
Agora neste estudo os investigadores da Universidade de Medicina de Charité, na Alemanha, contaram com a participação de 143 indivíduos que tinham uma média de 63 anos, e que não sofriam de diabetes ou de pré-diabetes. Foram excluídos os indivíduos com excesso de peso, que consumiam mais de 3,5 doses de álcool por dia e aqueles que também já apresentavam problemas de memória e raciocínio.
Os participantes foram submetidos a testes para medição da glucose e para avaliação da memória. Num destes testes os participantes tinham de se lembrar de uma lista de 15 palavras, 30 minutos após as terem ouvido. Foram também realizadas ressonâncias magnéticas, ao cérebro dos participantes, para medir o tamanho do hipocampo, uma região do cérebro que está associada à memória.
O estudo apurou que os participantes com níveis mais baixos de glucose no sangue obtiveram melhores resultados nos testes de memória, comparativamente com aqueles cujos níveis de glucose eram mais elevados.
Relativamente ao teste em que os participantes tinham de se recordar das palavras, foi constatado que aqueles com níveis mais elevados de glucose se lembravam de menos palavras. Foi especificamente observado que um aumento de 7mmol/mol do marcador da glucose, HbA1c, estava associado com a recordação de menos duas palavras.
Os investigadores verificaram ainda que níveis elevados de glucose estavam associados a um volume do hipocampo e também da integridade microestrutural menores.
Na opinião dos investigadores, estes resultados sugerem que as alterações no estilo de vida que têm em vista melhorar, a longo prazo, os níveis de glucose podem ser uma estratégia promissora na prevenção do declínio cognitivo.
Desta forma uma das autoras do estudo, Agnes Flöel, aconselha a evitar a obesidade, principalmente na meia-idade, adotar uma dieta rica em fibras, vegetais, proteínas e praticar exercício físico regularmente. A investigadora acrescentou ainda que os indivíduos que se encontram em risco, incluindo as pessoas obesas e com mais de 55 anos, devem ser submetidas a exames regulares como a monitorização da glucose em jejum e dos níveis de HbA1c, para deteção e tratamento precoce dos níveis elevados da glucose.
2013-10-28
Estudo publicado na revista “Neurology”

Café pode reduzir o risco de cancro do fígado

A ingestão de café reduz o risco de carcinoma hepatocelular, o tipo de cancro do fígado mais comum, em cerca de 40%, sugere um estudo publicado na revista “Clinical Gastroenterology and Hepatology”.
O estudo levado a cabo pelos investigadores do Instituto de Pesquisa Farmacológica e da Universidade de Milão,em Itália, também indica que o consumo de três chávenas de café por dia pode reduzir os risco deste cancro em mais de 50%.
“O nosso estudo confirma que realmente o café é benéfico para a saúde. Este efeito do café no cancro do fígado pode ser mediado pelo facto de esta bebida impedir a diabetes, um fator conhecido da doença, ou ter efeitos benéficos na cirrose e nas enzimas presentes no fígado”, revelou, em comunicado de imprensa, um dos autores do estudo, Carlo La Vecchia.
De forma a chegar a estas conclusões os investigadores fizeram uma revisão de artigos publicados entre 1996 e 2013, tendo sido selecionados 16 estudos de elevada qualidade que envolveram 3.153 casos.
Apesar da consistência dos resultados encontrados nos estudos, é difícil perceber se a associação entre o consumo de café e o carcinoma hepatocelular é casual ou se esta relação pode ser em parte atribuída ao facto de os pacientes com cancro do fígado e outras doenças digestivas diminuírem, voluntariamente, o consumo de café.
“Ainda não está claro se o café tem um papel adicional na prevenção do cancro do fígado. Mas mesmo que este seja o caso, o seu papel será limitado comparativamente com que é conseguido através das medidas atuais”, referiu Carlo La Vecchia
O estudo refere que o cancro do fígado pode ser evitado através da vacinação contra o vírus da hepatite B, controlo da transmissão do vírus da hepatite C e redução do consumo de álcool. Estas três medidas, podem, em princípio, evitar 90% dos cancros do fígado primários em todo o mundo.

2013-10-28
Estudo publicado na revista “Clinical Gastroenterology and Hepatology”

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Dormir muito ou pouco associado a doenças crónicas

Dormir muito ou pouco está associado ao desenvolvimento de doenças crónicas como diabetes, doença coronária, obesidade e ansiedade, nos indivíduos com 45 anos ou mais de idade, sugere um estudo publicado na revista “SLEEP”.
Para o estudo os investigadores do Centers for Disease Control and Prevention, nos EUA, contaram com a participação de 54.000 indivíduos com 45 anos ou mais de idade. “Dormir demasiado” foi definido como dormir 10 horas ou mais, e “dormir muito pouco” foi definino como 6 horas ou menos.
O estudo apurou que 31% dos participantes dormiam, em média, seis ou menos horas durante um período de 24 horas, 65% dormiam o tempo ideal (entre seis a nove horas) e 4% dormiam, em média, 10 ou mais horas.
Após terem analisado a relação entre o sono e a saúde, os investigadores constataram que comparativamente com os indivíduos que dormiam o tempo ideal, aqueles que dormiam pouco apresentavam um maior risco de ter doença coronária, acidente vascular cerebral, diabetes, obesidade e distúrbios mentais frequentes.
Resultados semelhantes foram encontrados entre os indivíduos que dormiam em demasia, exceto nos casos de doença coronária, acidente vascular cerebral e diabetes, em que a associação foi ainda mais forte. “Dormir mais horas não significa necessariamente dormir melhor”, revelou, em comunicado de imprensa, o presidente da American Academy of Sleep Medicine, Safwan Badr.
De acordo com Safwan Badr as pessoas têm de perceber que o sono afeta a saúde. Um estilo de vida equilibrado não envolve apenas adoção de uma dieta saudável e estar em forma, a quantidade e qualidade de sono é também importante.
“Os adultos devem dormir entre sete a nove horas diárias para conseguirem obter os efeitos benéficos do sono, mas isto é especialmente importante para aqueles que sofrem de doenças crónicas”, acrescentou o investigador.
Safwan Badr refere que os indivíduos com doença crónica sofrem habitualmente de condições associadas ao sono como apneia e insónia, que afeta a sua capacidade de ter uma boa noite de sono. Caso um indivíduo acorde exausto, é necessário identificar o problema. “O diagnóstico de uma doença de sono e o seu posterior tratamento pode significar uma melhoria significativa dos sintomas e aumento da qualidade de vida”, conclui o investigador.

http://www.univadis.pt/medical_and_more/pt_PT_Noticiario_Inv_Cient?articleurl=/CT/noticiario_medico/investigacao_cientifica/Dormir-muito-ou-pouco-associado-a-doencas-cronicas

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Polifenóis aumentam longevidade

Uma dieta rica em polifenóis aumenta a longevidade dos idosos, dá conta um estudo publicado no “Journal of Nutrition”.
Os polifenóis são compostos naturais encontrados em grande quantidade em frutas, vegetais, café, chá, frutos secos de casca rija e cereais. Mais de 8.000 compostos fenólicos foram identificados, até à data, em plantas. É do conhecimento comum que os polifenóis têm propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e anticancerígenas.
Neste estudo os investigadores da Universidade de Barcelona, em Espanha, em colaboração com investigadores italianos e americanos, contaram com a participação de 807 indivíduos com 65 anos ou mais de idade, que foram acompanhados ao longo de 12 anos.
O efeito da dieta rica em polifenóis foi analisado através de um biomarcador nutricional, a concentração urinária de polifenois  totais. Na verdade este foi o primeiro ensaio em que a medição deste marcador foi utilizada em estudos clínicos ou epidemiológicos.
Um dos autores do estudo, Andrés Lacueva, explica que o desenvolvimento e a utilização deste tipo de marcadores permite fazer uma estimativa mais objetiva e precisa da ingestão de compostos, uma vez que a análise não se baseia apenas nas respostas obtidas através de questionários, os quais estão altamente dependentes da memória dos participantes. Os biomarcadores nutricionais têm em conta a biodisponibilidade e as diferenças entre os indivíduos. De acordo com o especialista, esta metodologia torna a avaliação da associação entre o consumo de alimentos e mortalidade ou risco de doença mais precisa.
O estudo apurou que a mortalidade foi reduzida para 30% nos participantes que tinham uma dieta rica em polifenóis (>650 mg/dia) comparativamente com aqueles que tinham uma baixa ingestão destes compostos (<500 mg/dia).
“Estes resultados corroboram a evidência científica que sugere que as pessoas que consomem dietas ricas em frutas e vegetais apresentam um menor risco de desenvolvimento de várias doenças crónicas e de mortalidade no geral”, referiu, em comunicado de imprensa, o primeiro autor do estudo, Raúl Zamora Ros.
O especialista chama ainda atenção para a importância da utilização dos biomarcadores nutricionais na avaliação do consumo de alimentos.
http://www.univadis.pt/medical_and_more/pt_PT_Noticiario_Inv_Cient?articleurl=/CT/noticiario_medico/investigacao_cientifica/Polifenois-aumentam-longevidade

Fibrilação atrial e resveratrol - caminho de um novo fármaco

Uma equipa internacional de investigadores demonstrou que um novo fármaco que tem por base o resveratrol, composto encontrado no vinho tinto e frutos secos de casca rija, pode ser utilizado no tratamento da fibrilação atrial, revela um estudo publicado no “British Journal of Pharmacology”.
Atualmente existem poucos fármacos no mercado que ajudem a tratar eficazmente a fibrilação atrial, um problema comum do ritmo cardíaco que aumenta em cinco vezes o risco de acidente vascular cerebral, assim como insuficiência cardíaca e morte.
Adicionalmente, os fármacos que existem apresentam vários efeitos secundários graves. Uma vez que o resveratrol é um composto natural, os investigadores esperam que o novo fármaco seja melhor tolerado pelo organismo.
Na verdade há muito que os efeitos cardioprotetores do resveratrol são conhecidos. Alguns estudos anteriores sugeriam que este composto parece prevenir algumas doenças do ritmo cardíaco, diminuir a pressão arterial e reduzir o aumento do músculo cardíaco.
Neste estudo a equipa de investigadores, liderada pelos cientista da Universidade de Alberta, nos EUA, observaram que os novos fármacos baseados no resveratrol e que foram testados num ambiente laboratorial ajudaram a regular a atividade elétrica do músculo cardíaco. Esta regulação foi conseguida pela inibição das correntes elétricas irregulares e pela redução do tamanho dos episódios de ritmo cardíaco anormal.
Estes novos fármacos têm por alvo múltiplas atividades na célula, enquanto os medicamentos atuais para os problemas do ritmo cardíaco têm apenas uma ou duas áreas específicas como alvo.
Atualmente, os investigadores estão a melhorar o fármaco em cooperação com os investigadores do Centre for Drug Research and Development. “Estamos na fase seguinte do desenvolvimento de um novo medicamento oral para pacientes com fibrilação atrial que poderá ser tomado diariamente para impedir a ocorrência desta condição. Estamos a melhorar a solubilidade, absorção, o modo como é metabolizado e o tempo que permanece em circulação”, referiu, em comunicado de imprensa, o líder do estudo, Peter Light. O investigador espera que os ensaios clínicos com a nova versão do fármaco tenham início nos próximos três a cinco anos.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

A distância relativa entre o anão e o gigante

Conto-vos a história de um microrganismo: um mycomicetes chamado Dictyostelium discoideum. Numa das suas fases de vida – o período em que o substrato do solo é rico em nutrientes (bactérias) – ele vive de forma caótica; células isoladas que se movimentam de maneira autónoma alimentam-se umas das outras e multiplicam-se como as amebas. Vivem no chão, entre as folhas húmidas, onde proliferam as bactérias das quais se alimentam. Quando o substrato do solo começa a diminuir, os microrganismos começam a procurar um acordo entre elas e entram na etapa da agregação, formando um aglomerado gelatinoso.

Nesta etapa determinadas células, que geralmente encontram-se no centro das colónias, segregam uma proteína mensageira – a Adenosina monofosfáto cíclica, C-AMP, formada por uma base nucleica – a Adenina, um açúcar – a Ribose, e o ácido fosfórico. Quando as células adjacentes captam esta proteína, elas próprias começam a produzir e segregam C-AMP mais concentrado, o que permite alertar as células contíguas e assim sucessivamente até o extremo da colónia de bactérias. 

Simultaneamente produzem e segregam glicoproteínas de adesão, permitindo colar as células entre si até formarem um conglomerado gelatinoso de uns 2 a 4 mm de comprimento. Este conglomerado ou associação com aspecto de lesma, movimenta-se no solo deixando um rastro viscoso, e esta comunidade é atraída pela luz, o calor e a humidade.

Durante a marcha lenta, viscosa, mas segura, quando encontra um terreno propício, as células da parte anterior do conglomerado formam o talo frutífero, e as células da parte posterior do mesmo geram esporos – a unidade de reprodução do microrganismo. Os esporos são disseminados e recomeça o ciclo de vida individual e caótica até nova falta de substrato e nova socialização.

Quando observamos o modo de vida dos Dyctiostelium discoideum, podemos fazer um paralelismo sobre o comportamento humano. Na atual sociedade ocidental, usufruímos de grande abundância de recursos, alimentos, comodidades. Contudo, o indivíduo individualizou-se, tornou-se egoísta, insensível às carências dos outros; por vezes vemos e ouvimos notícias sobre catástrofes, fome, guerras e outras convulsões, e a atitude é de: “coitados”, “esperemos que não nos atinja”, “é longe, aqui não chega”, etc., etc.; mas quando nos atinge, tornamo-nos solidários, ajudamo-nos uns aos outros. Basta observar o comportamento solidário, daqueles que foram atingidos por uma catástrofe, um acidente, uma penúria. A observação da vida e atitudes dos seres considerados microscópicos, pela sua menor complexidade permite-nos aceitar mais facilmente o Ser Humano e o seu comportamento, por vezes tão difícil de entender. 

Outro aspecto interessante do D. discoideum, foi descoberto recentemente pela Debra Brock – estudante de pós-graduação em ecologia e biologia evolutiva da Rice University de Houston (Texas). Observou ao microscópio, durante a experimentação com clones antigos deste microrganismo, que as bactérias saíam do corpo frutífero. Inicialmente pensou que seria uma contaminação, contudo após várias pesquisas e experimentos observou que alguns dos D. Discoideum semeavam (plantavam) no seu entorno, alimentos (bactérias). Segundo Debra, “Elas podem pegar na bactéria, dispersar as sementes em terrenos propícios e fazer a colheita ”. Estas experiências encontram-se descritas na revista Nature. Para os investigadores do grupo, o resultado da experiência foi o suficiente para nomear ao D. Discoideum como um micro agricultor. Este tipo de inteligência – que não é processada por um cérebro – é denominada de “inteligência emergente”, tema de extremo interesse na investigação.

A partir deste exemplo, podemos chegar a outra reflexão: a agricultura não é uma invenção humana. De facto, no Universo existe o princípio, meio o e fim de tudo – os problemas e as suas soluções. O Ser Humano limita-se a estar receptivo e a descobrir, ou seja, a retirar o véu do que já existe. “É fundamental observar os mais pequenos para entender os maiores. “     

Dr. Alain Barberà
   

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Risco de aneurisma reduzido por dieta rica em fruta

Um estudo conduzido pelo Instituto Karolinska em Estocolmo demonstrou que a adoção de uma dieta rica em fruta pode ajudar na prevenção do aneurisma da aorta abdominal.
O aneurisma da aorta abdominal é uma condição que consiste numa dilatação da porção abdominal da aorta, a artéria maior do organismo, que percorre o abdómen. A rutura de um aneurisma traz um grande risco de morte por hemorragia. Os aneurismas são detetados através de ecografia.


Os investigadores liderados por Otto Stackelberg, aluno de doutoramento na unidade de epidemiologia nutricional do Instituto de Medicina Ambiental do Instituto Karolinska em Estocolmo, Suécia, seguiram 80.000 pessoas com idades compreendidas entre os 46 e os 84 anos, durante 13 anos. Durante o período de monitorização 1.100 dos participantes sofreram aneurisma da aorta abdominal, sendo que 222 tiveram rutura do mesmo.



Foi determinado que os participantes que consumiam mais de duas porções de fruta por dia, excluindo sumos, apresentavam um risco 25% menor de aneurisma da aorta abdominal e 43% menor de rutura do que aqueles que consumiam menos do que uma porção de fruta por dia. Os participantes que consumiam duas porções de fruta por dia apresentavam um risco 31% menor de aneurisma da aorta abdominal e 39% menor do que os que não consumiam qualquer fruta.



Segundo os investigadores, os altos níveis de antioxidantes na fruta parecem estar por trás dos benefícios protetivos contra a doença, através da redução da inflamação. O mesmo não parece ser o caso dos legumes, que são também ricos em antioxidantes mas não demonstraram reduzir o risco de aneurisma da aorta abdominal. Os legumes não possuem alguns tipos de oxidantes que estão presentes na fruta, afirma Otto Stackelberg.



“Um grande consumo de fruta pode ajudar a prevenir muitas doenças vasculares e o nosso estudo sugere que um menor risco de aneurisma da aorta abdominal estará entre esses benefícios”, comenta o autor principal do estudo. No entanto, o estudo não estabelece uma relação causa e efeito entre o consumo de fruta e a redução do risco de aneurisma da aorta abdominal.

2013-08-22
Estudo publicado na “Circulation”

Dor crónica: uma alternativa de tratamento mais natural e saudável

Um derivado do ácido docosahexaenóico (DHA), o composto principal do suplemento de óleo de peixe, pode aliviar e prevenir a dor neuropática causada por lesões do sistema sensorial, sugere um estudo publicado nos “Annals of Neurology”.
Os investigadores da Universidade de Duke, nos EUA, acreditam que este derivado, denominado por neuroprotectina D1=D1 protectina (NPD1=PD1), pode fornecer aos médicos e pacientes que estão preocupados com a adição à medicação e à toma de opióides, uma alternativa mais natural e saudável.
Os investigadores liderados, por Ru-Rong Ji, explicaram que o NPD1=PD1 é um lípido bioativo que as células produzem em resposta a estímulos externos. Este composto, que está presente nos leucócitos humanos, está envolvido na resolução da inflamação cerebral e abdominal.
Para o estudo os investigadores utilizaram um modelo animal de lesões nervosas para simular os sintomas de dor habitualmente associados ao trauma nervoso causado por cirurgia. Os ratinhos foram tratados com NPD1=PD1 de forma a determinar se o composto era capaz de aliviar os sintomas.
O estudo apurou que o NPD1=PD1 foi não só capaz de aliviar os sintomas, como também reduziu a inflamação das células nervosas após as lesões. O composto reduziu a dor através da inibição da produção de quimoquinas e citoquinas, ou seja, pequenas moléculas que atraem os macrófagos inflamatórios às células nervosas.
O investigador explicou que os medicamentos para a dor neuropática podem conduzir à dependência e à destruição das células nervosas sensoriais. Quanto ao NPD1=PD1 verificou-se que este não parece conduzir à dependência física, o alívio da dor é conseguido com uma dose baixa do composto, não foi observada tolerância aumentada nas experiências realizadas nos ratinhos e que este composto é capaz de reduzir a inflamação das células nervosas após danos. Ru-Rong Ji acrescentou que espera agora testar este composto em ensaios clínicos.
2013-07-24
Estudo publicado nos “Annals of Neurology”

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Dieta mediterrânea reduz risco de acidente vascular cerebral

Uma variante genética fortemente associada ao desenvolvimento da diabetes tipo 2 parece interagir com o padrão de dieta mediterrânica e impedir o acidente cerebral vascular (AVC), sugere um estudo publicado na revista “Diabetes Care”.
Neste estudo, os investigadores da Tufts University, nos EUA, e do CIBER Fisiopatología de la Obesidad y Nutriciόn, em Espanha, propuseram-se a analisar se a genética contribuía para os benefícios cardiovasculares observados no ensaio de prevenção com a dieta mediterrânica (PREDIMED, sigla em inglês).
O estudo contou com a participação de mais de sete mil homens e mulheres que foram convidados a adotar a dieta mediterrânica ou ingerir uma dieta com baixo teor de gordura. Ao longo de quase cinco anos, os participantes foram monitorizados no que diz respeito ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, AVC e enfarte agudo do miocárdio.
Os investigadores, liderados por José M. Ordovás, focaram-se numa variante do gene TCF7L2 que já tinha sido previamente associada ao metabolismo da glucose, embora a sua associação ao risco e desenvolvimento de doenças cardiovasculares ainda permanecesse incerta. O estudo refere que 14% dos participantes tinham duas cópias da variante do gene e apresentam um risco aumentado de doença.
O estudo apurou que a dieta mediterrânica ajudou a reduzir o número de AVC nos indivíduos com duas cópias da variante. “A alimentação ingerida pareceu eliminar qualquer aumento da suscetibilidade de desenvolvimento do AVC, colocando-as [as pessoas com duas cópias da variante] ao mesmo nível que as pessoas com uma ou nenhuma cópia da variante”, explicou o investigador.
Relativamente ao grupo de controlo, que seguiu uma dieta com baixo teor de gordura, os que apresentavam duas cópias da variante eram quase três vezes mais suscetíveis de ter um AVC, comparativamente com aqueles que tinham uma ou nenhuma cópia da variante.
Os investigadores verificaram ainda que a forma como os participantes tinham aderido à dieta mediterrânica poderia influenciar os resultados. Deste modo, as duas cópias da variante genética não pareceram ter qualquer influência nos níveis de glucose em jejum nos indivíduos com elevada adesão à dieta mediterrânica. Resultados semelhantes foram encontrados para três fatores do risco de doença cardiovascular: colesterol total, LDL e triglicerídeos. Pelo contrário, este risco foi considerado elevado nos participantes que tiveram uma baixa adesão à dieta.
 “Através da capacidade de analisar a reação entre a dieta, genética e os eventos cardíacos que colocam em risco vidas das pessoas, podemos começar a pensar seriamente em desenvolver testes genéticos capazes de identificar as pessoas que podem reduzir o seu risco de doenças crónicas, ou mesmo impedi-lo, através de alterações na deita”, concluem os autores do estudo.

Olhos: uma janela do risco de AVC

As imagens da retina podem ajudar a identificar indivíduos com pressão arterial elevada que apresentam um maior risco de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), dá conta um estudo publicado na revista “Hypertension”.
A hipertensão é, a nível mundial, o mais importante fator de risco do AVC. Contudo, ainda não é possível prever quais os indivíduos com hipertensão que irão desenvolver um AVC.
Neste estudo, os investigadores da National University of Singapore, em Singapura, acompanharam ao longo de 13 anos 2.907 indivíduos com hipertensão que nunca tinham sofrido um AVC. No início do estudo, foi fotografada a retina de cada paciente. Os danos presentes nos vasos sanguíneos da retina e evidentes nas fotografias atribuídos à hipertensão, denominada retinopatia hipertensiva, foram avaliadas como ausentes, leves, moderados ou severos
Ao longo do curso do estudo, 146 indivíduos sofreram um AVC causado por um coágulo sanguíneo e 15 por hemorragia cerebral. Posteriormente os investigadores ajustaram os vários fatores de risco de AVC, como idade, sexo, raça, níveis de colesterol, níveis de glucose no sangue, índice de massa corporal, tabagismo e valores de pressão arterial.
Após terem tido todos estes fatores em conta, os investigadores verificaram que os pacientes com retinopatia hipertensiva moderada aparentavam um risco 35% maior de sofrerem um AVC, enquanto aqueles com retinopatia hipertensiva moderada a severa tinham um risco 137% mais elevado.
O estudo apurou que mesmo os pacientes que estavam a fazer medicação e a controlar os níveis de pressão arterial, o risco de formação de coágulos era 96% maior para aqueles com retinopatia hipertensiva e 198% para os com retinopatia hipertensiva moderada a severa.
“Apesar de ser ainda precoce recomendar alterações na prática clínica, os resultados deste estudo sugerem que a retina fornece dados sobre o estado dos vasos sanguíneos cerebrais e que a imagem da retina é uma forma não invasiva e pouco dispendiosa de analisar os vasos sanguíneos”, revelou, em comunicado d imprensa, o líder do estudo, Mohammad Kamran Ikram.
2013-08-16
Estudo publicado na revista “Nature Medicine”

Proteína do leite materno pode reverter resistência aos antibióticos

Um complexo proteico encontrado no leite materno pode ajudar reverter a resistência aos antibióticos de bactérias causadoras da pneumonia e de infeções por Staphylococcus, sugere um estudo publicado na revista “Plos One”.
Após terem realizado estudos em células e em animais, os investigadores da University at Buffalo, nos EUA, descobriram que a proteína conhecida por HAMLET (sigla em inglês) aumentava a sensibilidade das bactérias a várias classes de antibióticos, incluindo penicilina e eritromicina.
O efeito encontrado foi tão pronunciado que o Streptococcus pneumoniaeresistente à penicilina e o Staphylococcus aureus resistente à meticilina (SARM) tornaram-se sensíveis a antibióticos aos quais anteriormente eram capazes de resistir, explicaram os investigadores.
“A HAMLET tem o potencial de reduzir as concentrações dos antibióticos que temos de utilizar contra as infeções e permite a utilização de antibióticos contra estirpes resistentes”, explicou em comunicado de imprensa, o líder do estudo, Anders Hakansson. As bactérias parecem ter dificuldade em desenvolver resistência ao HAMLET. Este complexo é capaz de provocar a morte de uma grande quantidade de bactérias durante várias gerações.
Um das coautoras do estudo, Laura Marks, refere ainda que contrariamente aos fármacos sintéticos, o HAMLET é um complexo que está naturalmente presente no leite materno, não estando por isso associada aos efeitos tóxicos frequentemente observados nos antibióticos capazes de eliminar os organismos resistentes.
Estes resultados são assim muito prometedores numa altura em que os hospitais estão a tentar conter as "superbactérias" como a SARM, a culpada pelas infeções hospitalares letais.
Estudo publicado na revista “Plos One”

terça-feira, 30 de julho de 2013

Lua cheia afecta a qualidade do sono


Investigadores suíços demonstraram que os ciclos lunares e a qualidade do sono estão associados. O estudo publicado na “Current Biology” sugere que apesar das comodidades da vida moderna os seres humanos respondem ao ritmo geofísico da lua.
“O ciclo lunar parece influenciar o sono, mesmo quando não vemos a lua ou não estamos informados sobre a sua actual fase”, revelou, em comunicado de imprensa, o líder do estudo, Christian Cajochen.
Para o estudo, os investigadores da Universidade da Basileia, na Suíça, contaram com a participação de 33 indivíduos provenientes de dois grupos etários. Os participantes foram convidados a dormir num ambiente laboratorial, período durante o qual foram monitorizados os seus padrões de cerebrais, movimentos oculares e hormonas segregadas.
Nem os técnicos que estavam a fazer os exames, nem os participantes tinham conhecimento que os autores do estudo estavam a analisar o efeito do ciclo lunar nos seus padrões de sono. O estudo apurou que a qualidade de sono dos participantes durante a lua cheia foi afetada. Estes resultados refletiram medidas subjetivas, ou seja, informações dadas pelos participantes bem como medidas objetivas.
Os investigadores verificaram, especificamente, que a lua cheia diminuía a atividade cerebral em cerca de 30%. Os participantes demoravam, em média, mais cinco minutos a adormecer e dormiam menos 20 minutos durante esta fase da lua. O estudo também demonstrou que os níveis de uma proteína envolvida na regulação do ciclo de sono e vigília, a melatonina, estavam também mais baixos na lua cheia.
"Esta é a primeira evidência fiável de que o ritmo lunar pode modular a estrutura do sono dos seres humanos”, revelaram os autores do estudo.
De acordo com Christian Cajochen, a resposta à fase da lua observada, a qual foi denominada por “ritmo circalunar”, pode ser uma relíquia de tempos antigos, quando o comportamento humano era mais fortemente influenciado pela lua.
O estudo refere ainda que a influência que o efeito da lua é atualmente mascarado pela influência da luz elétrica e outros aspetos da vida moderna. Na opinião dos investigadores seria interessante analisar cuidadosamente a localização anatómica do relógio circalunar, bem como as suas bases moleculares e neuronais. Poderia até e conclui que a lua afeta outros aspetos do comportamento, bem como o desempenho cognitivo e o humor.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Arandos: como previnem as infeções urinárias?

Investigadores canadianos descobriram como os arandos previnem as infeções urinárias, dá conta um estudo publicado no “Canadian Journal of Microbiology”.
Alguns estudos têm sugerido que os arandos previnem as infeções bacterianas, pois impedem que as bactérias se agarrem às paredes do trato urinário, através dos fitoquímicos conhecidos por proantocianidinas. Contudo, ainda não são bem conhecidos quais os compostos dos arandos que alteram o comportamento bacteriano.
Neste estudo os investigadores da Universiadde de McGill, no Canadá, esclarecerem quais os mecanismos biológicos envolvidos na proteção conferida pelos arandos contras as infeções urinárias. Os resultados do estudo também sugerem que os derivados destes frutos poderiam ser utilizados na prevenção da colonização bacteriana em dispositivos médicos, nomeadamente nos cateteres.
O estudo apurou que o pó de arando foi capaz de inibir a capacidade do Proteus mirabilis, uma bactéria frequentemente envolvida nas infeções urinárias complicadas, de popular placas de agar e de se movimentar nelas. Foi também constatado que elevadas concentrações de pó de arando reduziam a produção de uma enzima, a urease, que contribui para a virulência das infeções.
Estes resultados vão de encontro aos previamente obtidos, pela mesma equipa de investigadores, mostrando que os constituintes dos arandos impedem a movimentação das bactérias envolvidas neste tipo de infeções. A análise do genoma da bactéria Escherichia coli uropatogénica indicou que a expressão do gene que codifica o filamento flagelar da bactéria estava diminuído na presença das proantocianidinas dos frutos.
Estes resultados são importantes dado que o movimento das bactérias é um mecanismo chave para a disseminação da infeção, uma vez que as bactérias “nadam” literalmente para se disseminar no trato urinário e escapar à resposta imune do hospedeiro.
Os resultados de um outro estudo, também liderado por Nathalie Tufenkji, sugerem que os derivados dos arandos podem impedir a disseminação de microrganismos em dispositivos médicos implantáveis como os cateteres, os quais estão frequentemente envolvidos nas infeções urinárias.

Frutos secos de casca rija diminuem o risco de cancro

O consumo de frutos secos de casca rija, particularmente de nozes, aumenta a longevidade, atesta um ensaio clínico de nutrição conduzido em Espanha e denominado PREDIMED.
Baseado numa amostra de 7.000 pessoas, com idades compreendidas entre os 55 e os 90 anos de idade, o estudo debruçou-se sobre o impacto da dieta mediterrânica sobre a saúde cardiovascular.
Os participantes no estudo foram submetidos a uma dieta mediterrânica com azeite extra virgem ou frutos secos de casca rija e comparados com um grupo que seguiu uma dieta de baixa gordura. Nas regiões mediterrânicas o consumo de frutos secos de casca rija é alto comparativamente ao de outros países europeus.
Os consumidores de frutos secos de casca rija eram também tendencialmente fisicamente mais ativos, não fumadores, apresentavam cinturas mais estreitas, e IMC mais baixos do que os não consumidores daquele tipo de alimentos. O consumo deste tipo de frutos estava também associado a uma melhor alimentação, já que essas pessoas normalmente privilegiam os legumes, o peixe e a fruta.
O estudo apurou que as pessoas que consumiam mais de três porções de frutos secos de casca rija por semana (uma porção equivale a cerca de 28 gramas) apresentavam um risco 55% menor de morte por doença cardiovascular e um risco 40% inferior de sucumbirem por doença oncológica.
Relativamente aos resultados do estudo, Jordi Salas-Salvad, da Universitat Rovira i Virgili, em Espanha, comentou que “não é exatamente clara a forma como os frutos secos de casca rija conseguem prevenir a mortalidade prematura, nem a razão pela qual as nozes são melhores que outros frutos secos de casca rija. As nozes possuem um conteúdo particularmente alto de ácido alfa-linoleico e de fitoquímicos, especialmente na película exterior, que, juntamente como a fibra e minerais como o cálcio, magnésio e potássio poderão contribuir para esse efeito saudável”.
Estudos anteriores haviam já demonstrado os efeitos benéficos do consumo de nozes, como a melhor fonte de antioxidantes, com o dobro do que contêm os outros frutos secos de casca rija. Um outro estudo revelou que quem consome frutos secos de casca rija tende a possuir um IMC mais baixo e uma cintura mais estreita e a ser mais ativo fisicamente, em comparação com quem não consome estes frutos.
Os autores do estudo sugerem que se substitua uma das cinco porções recomendadas de fruta e legumes diários por uma porção de frutos secos de casca rija diária. Esta parece ser uma forma prática e simples de introduzir estes alimentos ricos na nossa dieta.