terça-feira, 29 de outubro de 2013

Leite materno poderá proteger bebés contra VIH

O leite materno contém uma proteína que neutraliza o VIH e que poderá proteger os bebés de adquirirem este vírus das mães infetadas, dá conta um estudo publicado nos “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
“Apesar de os fármacos antirretrovirais serem capazes de impedir a transmissão entre mãe e filho, nem todas as mães são submetidas a um teste do VIH, e menos de 60% são tratadas com fármacos preventivos, particularmente nos países que têm poucos recursos. Desta forma há a necessidade de encontrar estratégias alternativas para impedir a transmissão mãe filho”, revelou, em comunicado de imprensa, a líder do estudo, Sallie Permar.

A UNICEF estima que em 2011, 330.000 crianças adquiriram VIH durante a gravidez das mães ou através da amamentação. Uma vez que as organizações internacionais têm como objetivo eliminar a disseminação das infeções entre mãe e filho, os investigadores estão a trabalhar para desenvolver alternativas eficazes à terapia antirretroviral que possa ser utilizada nas crianças.

Neste estudo os investigadores da Universidade de Duke, nos EUA, focaram-se no leite materno, pois há muito que se sabia que tinha propriedades capazes de inibir a transmissão mãe-filho. Estudos anteriores já tinham identificado que o leite materno tinha algumas propriedades antivirais, mas estas ainda permaneciam por explicar. 

Os investigadores analisaram amostras de leite materno de mulheres não infetadas tendo confirmado que a atividade de neutralização de um painel de estirpes de VIH estava concentrada numa proteína de peso molecular elevado. Após terem utilizado um método capaz de separar as proteínas, os investigadores verificaram que a atividade de neutralização do VIH se concentrava numa única proteína, a TNC.

A TNC é uma proteína que está envolvida no processo de cicatrização das feridas, desempenhando um papel importante na reparação dos tecidos. Esta proteína tem também um papel importante no desenvolvimento fetal, mas as suas propriedades antivirais nunca tinham sido descritas”, referiu um coautor do estudo, Harold Erickson.

Através de uma análise mais detalhada, os investigadores verificaram que de facto a proteína consegue capturar, de uma forma eficaz, as partículas virais e neutralizar o vírus, através da sua ligação a uma parte da estrutura do vírus conhecida como envelope. Estas propriedades proporcionam uma proteção generalizada contra a infeção.  

Na opinião dos investigadores, com base nestes resultados poderia ser desenvolvida uma terapia contra o VIH, que seria administrada às crianças antes da amamentação.
2013-10-24
Estudo publicado nos “Proceedings of the National Academy of Sciences”

Níveis de glucose elevados associados a perda de memória

Os indivíduos com pressão arterial elevada, mesmo aqueles sem diabetes, apresentam um maior risco de desenvolver problemas cognitivos, sugere um estudo publicado na revista “Neurology”.
Estudos anteriores tinham demonstrado que os indivíduos com diabetes tipo 2 tinham um risco aumentado de desenvolver demência. De acordo com os investigadores da Mayo Clinic, nos EUA, a diabetes é considerada um fator de risco de demência vascular, uma vez que pode causar danos nos vasos sanguíneos. Esta forma de demência é muitas vezes causada pela redução ou bloqueio do fluxo sanguíneo, no cérebro.
Agora neste estudo os investigadores da Universidade de Medicina de Charité, na Alemanha, contaram com a participação de 143 indivíduos que tinham uma média de 63 anos, e que não sofriam de diabetes ou de pré-diabetes. Foram excluídos os indivíduos com excesso de peso, que consumiam mais de 3,5 doses de álcool por dia e aqueles que também já apresentavam problemas de memória e raciocínio.
Os participantes foram submetidos a testes para medição da glucose e para avaliação da memória. Num destes testes os participantes tinham de se lembrar de uma lista de 15 palavras, 30 minutos após as terem ouvido. Foram também realizadas ressonâncias magnéticas, ao cérebro dos participantes, para medir o tamanho do hipocampo, uma região do cérebro que está associada à memória.
O estudo apurou que os participantes com níveis mais baixos de glucose no sangue obtiveram melhores resultados nos testes de memória, comparativamente com aqueles cujos níveis de glucose eram mais elevados.
Relativamente ao teste em que os participantes tinham de se recordar das palavras, foi constatado que aqueles com níveis mais elevados de glucose se lembravam de menos palavras. Foi especificamente observado que um aumento de 7mmol/mol do marcador da glucose, HbA1c, estava associado com a recordação de menos duas palavras.
Os investigadores verificaram ainda que níveis elevados de glucose estavam associados a um volume do hipocampo e também da integridade microestrutural menores.
Na opinião dos investigadores, estes resultados sugerem que as alterações no estilo de vida que têm em vista melhorar, a longo prazo, os níveis de glucose podem ser uma estratégia promissora na prevenção do declínio cognitivo.
Desta forma uma das autoras do estudo, Agnes Flöel, aconselha a evitar a obesidade, principalmente na meia-idade, adotar uma dieta rica em fibras, vegetais, proteínas e praticar exercício físico regularmente. A investigadora acrescentou ainda que os indivíduos que se encontram em risco, incluindo as pessoas obesas e com mais de 55 anos, devem ser submetidas a exames regulares como a monitorização da glucose em jejum e dos níveis de HbA1c, para deteção e tratamento precoce dos níveis elevados da glucose.
2013-10-28
Estudo publicado na revista “Neurology”

Café pode reduzir o risco de cancro do fígado

A ingestão de café reduz o risco de carcinoma hepatocelular, o tipo de cancro do fígado mais comum, em cerca de 40%, sugere um estudo publicado na revista “Clinical Gastroenterology and Hepatology”.
O estudo levado a cabo pelos investigadores do Instituto de Pesquisa Farmacológica e da Universidade de Milão,em Itália, também indica que o consumo de três chávenas de café por dia pode reduzir os risco deste cancro em mais de 50%.
“O nosso estudo confirma que realmente o café é benéfico para a saúde. Este efeito do café no cancro do fígado pode ser mediado pelo facto de esta bebida impedir a diabetes, um fator conhecido da doença, ou ter efeitos benéficos na cirrose e nas enzimas presentes no fígado”, revelou, em comunicado de imprensa, um dos autores do estudo, Carlo La Vecchia.
De forma a chegar a estas conclusões os investigadores fizeram uma revisão de artigos publicados entre 1996 e 2013, tendo sido selecionados 16 estudos de elevada qualidade que envolveram 3.153 casos.
Apesar da consistência dos resultados encontrados nos estudos, é difícil perceber se a associação entre o consumo de café e o carcinoma hepatocelular é casual ou se esta relação pode ser em parte atribuída ao facto de os pacientes com cancro do fígado e outras doenças digestivas diminuírem, voluntariamente, o consumo de café.
“Ainda não está claro se o café tem um papel adicional na prevenção do cancro do fígado. Mas mesmo que este seja o caso, o seu papel será limitado comparativamente com que é conseguido através das medidas atuais”, referiu Carlo La Vecchia
O estudo refere que o cancro do fígado pode ser evitado através da vacinação contra o vírus da hepatite B, controlo da transmissão do vírus da hepatite C e redução do consumo de álcool. Estas três medidas, podem, em princípio, evitar 90% dos cancros do fígado primários em todo o mundo.

2013-10-28
Estudo publicado na revista “Clinical Gastroenterology and Hepatology”

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Dormir muito ou pouco associado a doenças crónicas

Dormir muito ou pouco está associado ao desenvolvimento de doenças crónicas como diabetes, doença coronária, obesidade e ansiedade, nos indivíduos com 45 anos ou mais de idade, sugere um estudo publicado na revista “SLEEP”.
Para o estudo os investigadores do Centers for Disease Control and Prevention, nos EUA, contaram com a participação de 54.000 indivíduos com 45 anos ou mais de idade. “Dormir demasiado” foi definido como dormir 10 horas ou mais, e “dormir muito pouco” foi definino como 6 horas ou menos.
O estudo apurou que 31% dos participantes dormiam, em média, seis ou menos horas durante um período de 24 horas, 65% dormiam o tempo ideal (entre seis a nove horas) e 4% dormiam, em média, 10 ou mais horas.
Após terem analisado a relação entre o sono e a saúde, os investigadores constataram que comparativamente com os indivíduos que dormiam o tempo ideal, aqueles que dormiam pouco apresentavam um maior risco de ter doença coronária, acidente vascular cerebral, diabetes, obesidade e distúrbios mentais frequentes.
Resultados semelhantes foram encontrados entre os indivíduos que dormiam em demasia, exceto nos casos de doença coronária, acidente vascular cerebral e diabetes, em que a associação foi ainda mais forte. “Dormir mais horas não significa necessariamente dormir melhor”, revelou, em comunicado de imprensa, o presidente da American Academy of Sleep Medicine, Safwan Badr.
De acordo com Safwan Badr as pessoas têm de perceber que o sono afeta a saúde. Um estilo de vida equilibrado não envolve apenas adoção de uma dieta saudável e estar em forma, a quantidade e qualidade de sono é também importante.
“Os adultos devem dormir entre sete a nove horas diárias para conseguirem obter os efeitos benéficos do sono, mas isto é especialmente importante para aqueles que sofrem de doenças crónicas”, acrescentou o investigador.
Safwan Badr refere que os indivíduos com doença crónica sofrem habitualmente de condições associadas ao sono como apneia e insónia, que afeta a sua capacidade de ter uma boa noite de sono. Caso um indivíduo acorde exausto, é necessário identificar o problema. “O diagnóstico de uma doença de sono e o seu posterior tratamento pode significar uma melhoria significativa dos sintomas e aumento da qualidade de vida”, conclui o investigador.

http://www.univadis.pt/medical_and_more/pt_PT_Noticiario_Inv_Cient?articleurl=/CT/noticiario_medico/investigacao_cientifica/Dormir-muito-ou-pouco-associado-a-doencas-cronicas

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Polifenóis aumentam longevidade

Uma dieta rica em polifenóis aumenta a longevidade dos idosos, dá conta um estudo publicado no “Journal of Nutrition”.
Os polifenóis são compostos naturais encontrados em grande quantidade em frutas, vegetais, café, chá, frutos secos de casca rija e cereais. Mais de 8.000 compostos fenólicos foram identificados, até à data, em plantas. É do conhecimento comum que os polifenóis têm propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e anticancerígenas.
Neste estudo os investigadores da Universidade de Barcelona, em Espanha, em colaboração com investigadores italianos e americanos, contaram com a participação de 807 indivíduos com 65 anos ou mais de idade, que foram acompanhados ao longo de 12 anos.
O efeito da dieta rica em polifenóis foi analisado através de um biomarcador nutricional, a concentração urinária de polifenois  totais. Na verdade este foi o primeiro ensaio em que a medição deste marcador foi utilizada em estudos clínicos ou epidemiológicos.
Um dos autores do estudo, Andrés Lacueva, explica que o desenvolvimento e a utilização deste tipo de marcadores permite fazer uma estimativa mais objetiva e precisa da ingestão de compostos, uma vez que a análise não se baseia apenas nas respostas obtidas através de questionários, os quais estão altamente dependentes da memória dos participantes. Os biomarcadores nutricionais têm em conta a biodisponibilidade e as diferenças entre os indivíduos. De acordo com o especialista, esta metodologia torna a avaliação da associação entre o consumo de alimentos e mortalidade ou risco de doença mais precisa.
O estudo apurou que a mortalidade foi reduzida para 30% nos participantes que tinham uma dieta rica em polifenóis (>650 mg/dia) comparativamente com aqueles que tinham uma baixa ingestão destes compostos (<500 mg/dia).
“Estes resultados corroboram a evidência científica que sugere que as pessoas que consomem dietas ricas em frutas e vegetais apresentam um menor risco de desenvolvimento de várias doenças crónicas e de mortalidade no geral”, referiu, em comunicado de imprensa, o primeiro autor do estudo, Raúl Zamora Ros.
O especialista chama ainda atenção para a importância da utilização dos biomarcadores nutricionais na avaliação do consumo de alimentos.
http://www.univadis.pt/medical_and_more/pt_PT_Noticiario_Inv_Cient?articleurl=/CT/noticiario_medico/investigacao_cientifica/Polifenois-aumentam-longevidade

Fibrilação atrial e resveratrol - caminho de um novo fármaco

Uma equipa internacional de investigadores demonstrou que um novo fármaco que tem por base o resveratrol, composto encontrado no vinho tinto e frutos secos de casca rija, pode ser utilizado no tratamento da fibrilação atrial, revela um estudo publicado no “British Journal of Pharmacology”.
Atualmente existem poucos fármacos no mercado que ajudem a tratar eficazmente a fibrilação atrial, um problema comum do ritmo cardíaco que aumenta em cinco vezes o risco de acidente vascular cerebral, assim como insuficiência cardíaca e morte.
Adicionalmente, os fármacos que existem apresentam vários efeitos secundários graves. Uma vez que o resveratrol é um composto natural, os investigadores esperam que o novo fármaco seja melhor tolerado pelo organismo.
Na verdade há muito que os efeitos cardioprotetores do resveratrol são conhecidos. Alguns estudos anteriores sugeriam que este composto parece prevenir algumas doenças do ritmo cardíaco, diminuir a pressão arterial e reduzir o aumento do músculo cardíaco.
Neste estudo a equipa de investigadores, liderada pelos cientista da Universidade de Alberta, nos EUA, observaram que os novos fármacos baseados no resveratrol e que foram testados num ambiente laboratorial ajudaram a regular a atividade elétrica do músculo cardíaco. Esta regulação foi conseguida pela inibição das correntes elétricas irregulares e pela redução do tamanho dos episódios de ritmo cardíaco anormal.
Estes novos fármacos têm por alvo múltiplas atividades na célula, enquanto os medicamentos atuais para os problemas do ritmo cardíaco têm apenas uma ou duas áreas específicas como alvo.
Atualmente, os investigadores estão a melhorar o fármaco em cooperação com os investigadores do Centre for Drug Research and Development. “Estamos na fase seguinte do desenvolvimento de um novo medicamento oral para pacientes com fibrilação atrial que poderá ser tomado diariamente para impedir a ocorrência desta condição. Estamos a melhorar a solubilidade, absorção, o modo como é metabolizado e o tempo que permanece em circulação”, referiu, em comunicado de imprensa, o líder do estudo, Peter Light. O investigador espera que os ensaios clínicos com a nova versão do fármaco tenham início nos próximos três a cinco anos.